Movimento de passageiros nos aeroportos brasileiros não cresce em 2019, entenda o que aconteceu:
O total de passageiros movimentando os aeroportos de administração federal* em 2019 foi de 208,1 milhões de passageiros, 0,4% menor que em 2018. Quase 60% deste total, cerca de 124,1 milhões de passageiros, foi movimentado em 10 aeroportos já operados por concessionárias privadas. Este número é praticamente igual ao do ano anterior: 124,2 milhões.
Dentre os aeroportos privados o que mais cresceu foi, surpreendentemente, o de Viracopos, visto que o mesmo se encontra em recuperação judicial. O aeroporto apresentou um aumento de quase 15%, alcançando a sua maior movimentação de passageiros na história: 10,6 milhões. Em entrevista para Rádio Brasil/ Campinas , o diretor de operações de Viracopos, Marcelo Mota, afirmou que esse saldo positivo ocorreu graças ao aumento da oferta de voos ao exterior, a melhora da economia e o investimento na infraestrutura do terminal. No entanto, o número ainda está abaixo do previsto quando aconteceu a concessão. Na ocasião foram estimados 20 milhões de passageiros por ano.
Fortaleza, Confins (Belo Horizonte), Florianópolis e Guarulhos foram outros aeroportos que demonstraram crescimento.
Por outro lado não foram todos os aeroportos que tiveram um desempenho positivo
Alguns aeroportos registraram quedas expressivas, Galeão foi o que mais caiu, cerca de 10%, seguido por Brasília e Salvador, com quedas de cerca de 6%, coincidentemente aeroportos em que a Avianca detinha participação importante, embora o hub principal de sua operação estivesse concentrado em Guarulhos.
Entre os 53 aeroportos ainda administrados pela estatal Infraero, o total de passageiros movimentado também apresentou queda, 0,8%: 84,7 milhões em 2018 face a 84,0 milhões em 2019. Entre estes aeroportos, há 9 aeroportos já concedidos à iniciativa privada, na 5ª Rodada, em 3 blocos (Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste), mas com operação a ser 100% transferida para as concessionárias privadas no 1º trimestre de 2020. Somados, estes aeroportos movimentaram 20 milhões de passageiros, uma queda de 0,9% em relação ao ano anterior. O aeroporto mais importante deste grupo é o aeroporto de Recife, que movimentou 8,5 milhões de passageiros, crescimento de 1,3% em relação à 2018.
Outros 22 aeroportos administrados pela Infraero devem ser concedidos à iniciativa privada, na 6ª Rodada, em três blocos (Sul, Centro-Oeste e Norte) . Somados, estes aeroportos, liderados pelos aeroportos de Curitiba, Goiânia e Manaus, movimentaram 22,3 milhões de passageiros, 1,5% a mais que no ano passado.
Há ainda outros 22 aeroportos administrados pela Infraero, que no total movimentaram 41,6 milhões em 2019, apresentando queda de 1,9% em comparação ao ano anterior. Deste total, Congonhas movimentou quase 22 milhões e Santos Dumont quase 9 milhões, mas ambos tiveram queda em relação à 2018: 0,7% e 2,5% respectivamente.
A imagem abaixo apresenta a variação de movimentação dos aeroportos brasileiros, 2018-2019, de acordo com sua administração:
Abaixo, demonstrativo das movimentações de passageiros em 2019 comparativamente com 2018. Não estão incluídos aqui os aeroportos regionais.
Ao final de 2019 o ranking dos maiores aeroportos brasileiros em movimentação de passageiros não se alterou:
A movimentação de passageiros nos aeroportos brasileiros é fortemente impactada pela situação econômica do país. Outros fatores que impactam no curto prazo são mudanças importantes na malha aérea, como o que foi provocado pela quebra da Avianca este ano. Em 2018, a Avianca havia crescido 9%, o maior crescimento entre as cias aéreas. A sua saída da malha em 2019 não tem como não afetar o cenário. Este impacto é mais sentido nos aeroportos em que sua presença era mais relevante, cuja concentração ocorre no grupo de aeroportos concedidos, o que distorce um pouco a avaliação da performance destes aeroportos.
Em resumo, a expectativa para o setor é alta considerando que há ainda 44 aeroportos sob administração estatal da Infraero que o governo já divulgou que serão concedidos. Metade destes aeroportos já estão com os estudos de viabilidade concluídos e a licitação está prevista para ocorrer no segundo semestre deste ano. Os demais, entre os quais as duas “joias da coroa”, estão previstos para serem concedidos ainda dentro do governo Bolsonaro, em 2021 ou início de 2022. O histórico de ágios importantes em todas as rodadas anteriores e a presença de quase todos os grandes operadores globais nas disputas demonstra a atratividade e o nível de maturidade regulatória do setor e gera uma perspectiva de grandes negócios ainda a serem concretizados.
Fonte: Infraero e concessionárias privadas dos aeroportos
*Aeroportos que estão ou estavam sob administração da Infraero. Não contempla os aeroportos de administração regional (estaduais ou municipais), mesmo quando concedidos, nem os particulares
